Caminhava para casa, quando
em meu caminho
surgiu um homem.
O homem segurava
com a mão esquerda
acima da cabeça
uma granada.
Caso o terror que essa visão me causou fosse um pouco menor
eu teria, sem dúvida, corrido para longe.
Se, por outro lado
avistar algo fosse capaz de me causar um impacto maior
no chão eu cairia morta
da loucura, pelo meu coração, poupada.
Esqueci de dizer isso antes:
Embaixo do outro braço, o homem trazia um livro,
além da granada, que, acima da cabeça, decidido
carregava.
E estava nu.
Era de dia, eu
Caminhava para casa, quando
em meu caminho, surgiu esse homem pelado
carregando embaixo do braço direito um livro
e na mão esquerda, acima da cabeça, uma granada.
E eu, não sendo capaz de dizer ou fazer nada
fiquei estática, nenhuma outra pessoa na rua
somente nós dois frente a frente
nos encarando
eu incrédula
ele nu,
os pés descalços
na calçada.
Eu sou o terrorista do amor
em um atentado ao pudor
ele, em voz firme, me disse.
Então, sem piscar, em seus braços me tomou.
Me deu um beijo.
Me entregou o livro e tirou o pino da granada.
Atinei então em fugir,
sem me dar conta de que
em meus braços, protegia
feito uma criança recém nascida,
o livro que me havia sido dado.
Corri por alguns segundos, antes de ouvir a explosão
que me fez virar para trás e ver, ao invés de uma nuvem de sangue
ossos e tripas espalhados pelo chão, Um enxame de penas brancas,
flutuantes, até
aos céus
por um turbilhão insólito
serem carregadas.
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